San Gennaro, o Santo da Liquefação.

SAN GENNARO ou SÃO JANUÁRIO, como também é conhecido no Brasil, era um jovem diácono da cidade Miseno, Sosio, na região de Campânia no sul da Itália. Ainda jovem, graças as suas atitudes de fé e caridade, foi conduzido ao cargo de Bispo da cidade de Benevento, próximo a Nápoles.
Andrea Vaccaro, Gloria di S. Gennaro, XVII sec., Museo del Prado, Madrid.
Naquela época, o império Romano era governado por Diocleciano, o qual ordenou uma feroz e sangrenta perseguição aos cristãos. Em 305 da era cristã, San Gennaro foi vítima desta perseguição, sendo condenado à morte junto a vários outros cristãos.
Primeiro, jogaram San Gennaro e os demais cristãos na arena para serem devorados por leões, todavia, ao se aproximarem do grupo, os animais ficaram dóceis e passaram a lamber os pés do Santo. Inconformado com a situação que se formou, o carrasco manteve os animais sem alimentação por dias. Todavia, o plano não deu certo e novamente ocorreu o mesmo gesto da primeira vez. Visto que seria impossível alcançar o objetivo esperado, decapitaram o Santo junto a uma pedra perto de Nápoles. Parte de seu sangue foi recolhido e guardado numa ampola de vidro.
Como era costume nos martírios da época, os cristãos recolheram um pouco do sangue de San Gennaro numa ampola de vidro para ser colocada diante de seu túmulo, sendo, após isso, sepultado numa estrada entre Pozzuoli e Nápoles.
Jose de Ribera, S. Gennaro in glória, Convento degli Agostiniani riformati, Monterrey.
Jose de Ribera, Convento degli Agostiniani riformati, Monterrey.

Em 413 seu corpo foi transferido para as catacumbas napolitanas na Colina Capodimonte. Mais tarde, foi novamente removido para Benevento (Abadia de Montevergine) e por fim, no ano de 1492, seus restos mortais foram transferidos para Nápoles, por ordem do Arcebispo Alessandro Carafa.
Já no ano de 472 da Era Cristã, os cristãos buscavam a ajuda de San Gennaro. Naquela feita, o estrago da erupção do Vesúvio prometia ser catastrófico. Aturdidos com a perspectiva, os napolitanos correram para o túmulo San Gennaro e, de mãos juntos, rogara, proteção ao mártir cristão. Milagrosamente, as lavas estacionaram às portas de Nápoles, poupando-lhe o mesmo destino trágico de Pompéia.
Desde 1608, os restos mortais encontram-se na Capela do Tesouro, em cumprimento da promessa feita pelos napolitanos em 1527, por ocasião de uma peste que assolou a região, mas Nápoles foi preservada pelo Santo. Também duas outras ocasiões San Gennato protegeu a cidade: na cólera que assolou a região em 1884 e na erupção do Vesúvio em 1861.
A devoção a San Gennaro é conhecida no mundo inteiro pela liquefação do sangue do bispo mártir, que ocorre três vezes por ano: no sábado que procede o 1° domingo de maio; no dia 19 de setembro que é a festa do Santo e em 16 de dezembro, aniversário da erupção do Vesúvio em 1621.
A ocorrência, que vem sendo verificada desde 1389, consiste na passagem do sangue de San Gennaro do estado sólido para o estado líquido, perdendo no peso e aumentando o volume.
São mais de 600 anos de fé que acompanham o mistério dos milagres do sangue do padroeiro de Nápoles e da Mooca.

Busto-relicário de prata de San Gennaro sobre o altar da Catedral de Nápoles que, segundo a tradição, contém a cabeça (o crânio) do mártir.
Do grande passado de San Gennaro ficaram grandes lições, fé e caridade.