segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Entenda a origem da devoção e do Círio de Nazaré em Belém

Entenda a origem da devoção e do Círio de Nazaré em Belém

Procissão começou após caboclo Plácido achar imagem em igarapé.
Primeiro Círio foi realizado em dezembro de 1793.

Do G1 PA
Manto Nossa Senhora de Nazaré Círio 2015 (Foto: Divulgação/Círio de Nazaré)Nossa Senhora de Nazaré com o manto utilizado no Círio 2015 (Foto: Divulgação/Círio de Nazaré)
A devoção à Virgem de Nazaré, em Belém, começou após o caboclo Plácido ter encontrado uma pequena imagem de Nossa Senhora às margens do Igarapé Murutucu, que corria pela atual travessa 14 de Março, onde hoje ficam os fundos da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré.
De acordo com a lenda, Plácido levou a imagem pára casa, mas não a encontrou no dia seguinte. A santa foi localizada apenas no Igarapé onde havia sido encontrada originalmente. Plácido tentou levar a imagem outras vezes, mas ela sempre desaparecia e retornava ao iagarpé. A imagem foi levada para a Capela do Palácio do Governo da Província, onde ficou guardada por escolta - mesmo assim, de manhã não estava lá.
Entendendo que era o desejo da Virgem permanecer no Igarapé, a comunidade católica de Belém construiu uma ermida no local onde a imagem era encontrada, o que deu início à romaria e à devoção do povo da capital, já que Nossa Senhora ja era cultuada no município de Vigia, no nordeste do estado.
Promesseiros disputam espaço para tocar a Corda do Círio (Foto: Paulo Akira / O Liberal)Promesseiros disputam espaço para tocar a Corda
do Círio (Foto: Paulo Akira / O Liberal)
As primeiras procissões
O primeiro Círio foi realizado na tarde do dia 8 de dezembro de 1793, saindo do palácio do governo. Este roteiro se manteve até 1881. O segundo domingo de outubro só foi definido como o dia de realização da procissão do Círio em 1901.
Em 1854 o Círio passou a ser realizado de manhã, para evitar as chuvas que são mais comuns no período da tarde. A partir de 1882, o bispo Dom Macedo Costa, de comum acordo com o Presidente da Província, Dr. Justino Ferreira Carneiro, resolveu que o ponto de partida seria a Catedral de Belém, comoacontece até hoje.
A imagem que participa das procissões é uma réplica, já que a santa encontrada por plácido tem mais de 300 anos. Apenas no Círio 200, em 1992, a Imagem que saiu na procissão foi a Imagem Original.
Carros dos Milagres de dom fuas (Foto: Alexandre Yuri / G1)Carros dos Milagres recebem promessas dos devotos (Foto: Alexandre Yuri / G1)
Milagres e promessas
Diversos milagres são atribuídos pelos cristãos à Nossa Senhora de Nazaré.
Um dos mais conhecidos teria sido a graça alcançada pelo fidalgo português Dom Fuas
Roupinho, cujo cavalo galopava em uma mata perto de um abismo. Ao perceber que iria cair para a morte, o fidalgo pediu a proteção de Nossa Senhora e o cavalo conseguiu parar. 
Outro milagre aconteceu no ano de 1846, com os passageiros do brigue português
 São João Batista, que deixou Belém rumo a Lisboa no dia 11 de julho. O brigue naufragou durante a viagem, e os passageiros foram salvos por um bote que os trouxe de volta à Belém. O brigue havia, anos antes, transportado a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré a Lisboa, para ser restaurada. O bote que salvou os náufragos também era o mesmo que tinha levado a Imagem até o brigue ancorado ao largo da cidade.
Casas, barcos e objetos de cera são levados na procissão como uma forma de agradecer por graças alcançadas.  (Foto: Paula Sampaio/ O Liberal)Casas, barcos e objetos de cera são levados na
procissão como uma forma de agradecer por graças
alcançadas. (Foto: Paula Sampaio/ O Liberal)
Diversos promesseiros que têm suas graças alcançadas acompanham o Círio com uma representação das suas promessas. São objetos de cera, miniatura de barcos, casas e até mesmo cadernos e livros. Esses objetos são depositados nos carros das promessas. Ao todos são 13 carros: Carro de Plácido, Barca dos Escoteiros, Barca Nova, quatro Carros dos Anjos, Cesto de Promessas, Barca com Velas, Barca Portuguesa, Barca com Remos,
Carro Dom Fuas e Carro da Santíssima Trindade.
Os objetos depositados nos Carros do Círio, e que representam as graças alcançadas pela interseção de Maria, vão para o Memória de Nazaré, exposição permanente em espaço montado ao lado da Casa de Plácido desde o ano passado, e também no Museu do Círio,
instalado no Complexo Feliz Lusitânia.

A devoção a Nossa Senhora de Nazaré remonta ao início da colonização portuguesa. O termo Círio vem da palavra latina "cereus", que significa vela ou tocha grande. Por ser a principal oferta dos fiéis nas procissões em Portugal, com o tempo, o termo passou a ser sinônimo da procissão de Nazaré aqui em Belém e de muitas outras pelas cidades do interior do Estado.
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