quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Ditadura Argentina: Vaticano e bispos abrem arquivos a familiares

Ditadura Argentina: Vaticano e bispos abrem arquivos a familiares

Buenos Aires no tempo da Ditadura Militar - EPA
25/10/2016 16:48
Cidade do Vaticano (RV) - A Comissão Executiva da Conferência Episcopal Argentina se reuniu, no último sábado (15/10), no Vaticano, com o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, com o Secretário das Relações com os Estados, Dom Paul Richard Gallagher, e alguns oficiais da Secretaria de Estado, para uma avaliação sobre os trabalhos de catalogação e digitalização do material de arquivo do período da Ditadura Militar (1976-1983), conservado nos arquivos da Conferência Episcopal Argentina, da Secretaria de Estado e da Nunciatura Apostólica, em Buenos Aires. 
 
Uma declaração conjunta da Conferência Episcopal Argentina e da Secretaria de Estado informa que foi terminado o processo de organização e digitalização do "material de arquivo do período da Ditadura Militar". Um processo que foi “executado conforme as decisões e indicações do Santo Padre e representa o prosseguimento de um trabalho iniciado anos atrás pela Conferência Episcopal Argentina”. 
“Com base num protocolo a ser estabelecido em breve, o material poderá ser consultado pelas vítimas e os familiares dos desaparecidos e prisioneiros e, nos casos de religiosos ou eclesiásticos, pelos seus superiores maiores”, prossegue a nota.
O comunicado sublinha que “este trabalho foi desempenhado tendo em vista o serviço à verdade, à justiça e à paz, continuando o diálogo aberto com a cultura do encontro”. “O Papa Francisco e o episcopado argentino confiam a Pátria à proteção misericordiosa de Nossa Senhora de Luján, confiantes na intercessão do amado São José Gabriel del Rosário Brochero”, conclui o comunicado conjunto.
A Comissão Executiva da Conferência Episcopal Argentina é formada pelo Arcebispo de Santa Fe de la Vera Cruz, Dom José María Arancedo, presidente do organismo, pelo Arcebispo de Buenos Aires e Primaz da Argentina, Cardeal Mario Aurelio Poli, vice-presidente, pelo Arcebispo de Salta, Dom Mario Antonio Cargnello, segundo vice-presidente, e pelo Bispo de Chascomus, Dom Carlos Humberto Malfa, secretário-geral. 
(MJ)

    Contestado pelos seus próprios bispos, patriarca melquita recusa resignar



    Contestado pelos seus próprios bispos, patriarca melquita recusa resignar

    26 out, 2016 - 08:26 • Filipe d'Avillez
    O sínodo da Igreja melquita devia ter ocorrido em Junho, mas foi adiado por falta de quórum quando mais de metade dos bispos boicotou. “Estou ao serviço da Igreja, o futuro está nas mãos de Deus”, diz o patriarca.

    O patriarca da Igreja Greco-Católica Melquita não põe a hipótese de resignar, como estão a exigir alguns dos seus bispos.
    Em declarações à Renascença, em Fátima, à margem de um encontro dos bispos católicos de rito oriental da Europa, organizado pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa, em que participou como convidado especial, Gregório III desdramatiza a situação e recorda que de acordo com o direito canónico ninguém pode exigir que abandone o seu cargo.
    “Eu sou pelo direito canónico, que diz que a Sede Patriarcal fica vaga após a morte do patriarca, ou a sua resignação”, afirma.
    A possibilidade de resignação não parece estar em cima da mesa: quando se lhe pergunta sobre o futuro, insiste que não está nas suas mãos. “Isso é com Deus. Não posso responder, porque não tenho esse poder. Digamos apenas que estou aqui ao serviço da Igreja e que o futuro está nas mãos de Deus."
    Aos 12 bispos, de um total de 22, que em Junho passado subscreveram uma carta em que criticam a sua gestão da Igreja e pediram a sua resignação, o patriarca pede unidade. “Gosto de dizer aos meus bispos que os amo. Amemo-nos uns aos outros para podermos confessar, amar e servir a Igreja e torná-la um símbolo de testemunho do Senhor nesta situação trágica para todo o Médio Oriente cristão."
    A rebelião de vários bispos de uma igreja oriental coloca um problema difícil de resolver. As igrejas orientais em comunhão com Roma funcionam num regime de autonomia. Os patriarcas e os bispos são eleitos pelos seus próprios sínodos e Roma já se recusou a intervir neste caso, recordando aos bispos queixosos que ninguém pode obrigar um Patriarca a resignar.
    Mas a natureza sinodal das Igrejas orientais significa que se os sínodos – isto é, uma reunião de todos os bispos activos – não puderem reunir a Igreja fica sem capacidade de tomar decisões de nível global.
    Uma questão de temperamento
    São várias as críticas feitas pelos bispos rebeldes, incluindo de esbanjamento de fundos, mas fontes próximas da realidade cristã no Médio Oriente dizem à Renascença que o que está em causa é, acima de tudo, uma questão de temperamento.
    O patriarca é um trabalhador incansável – aos 82 anos dispensou o almoço para poder atender quem queria falar com ele, incluindo aRenascença, dizendo apenas que havia demasiado para fazer – e de temperamento por vezes fogoso. Forte defensor da autonomia das igrejas orientais em relação a Roma, os seus bispos consideram que tem pouca sensibilidade para ouvir outras vozes internamente, contradizendo assim a noção tão importante da sinodalidade.
    Mas a situação de Gregório III é também sinal da desunião dos cristãos no Médio Oriente. Divididos entre diversas igrejas, algumas católicas, outras ortodoxas, os cristãos raramente falam a uma só voz e há profundas divergências entre os bispos e patriarcas sobre o que fazer perante a instabilidade da região, com alguns a defender o direito dos cristãos se defenderem pelas armas e outros a negar qualquer recurso à violência.
    Gregório III pertence a uma geração que defendia a identidade árabe dos cristãos do Médio Oriente e que contrasta com correntes de opinião actuais, e muito fortes sobretudo entre comunidades da diáspora, que realçam a identidade distinta dos cristãos. Na maioria, os cristãos do Médio Oriente são de uma etnia específica, conhecida como assíria, caldeia ou siríaca, conforme as diferentes igrejas a que pertencem, que antecede por vários séculos a chegada dos árabes e do islão.
    A Igreja Greco-Católica Melquita tem cerca de 1,6 milhões de membros, concentrados sobretudo na Síria e no Líbano, com outras comunidades espalhadas pelo mundo. Foi eleito em 2000 depois de o seu antecessor ter resignado por motivos de saúde.

    domingo, 23 de outubro de 2016

    Santa Sé - Vietnã: encontro no Vaticano de 24 a 26 de outubro


    Atualidade \ Geral

    Santa Sé - Vietnã: encontro no Vaticano de 24 a 26 de outubro

    Cardeal Fernando Filoni em visita ao Vietnã, em janeiro de 2015 - REUTERS
    23/10/2016 10:03
    Cidade do Vaticano (RV) - Vai se realizar no Vaticano, desta segunda até a próxima quarta-feira (24 a 26 de outubro), como concordado, o sexto encontro do Grupo de Trabalho entre a Santa Sé e a República Socialista do Vietnã, a fim de desenvolver e aprofundar as relações bilaterais entre as duas Partes. É o que informa um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.
     
    A Delegação da Santa Sé será conduzida pelo subsecretário das Relações com os Estados, Mons. Antoine Camilleri; a Delegação do Vietnã será conduzida pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Bui Thanh Son.
    O último encontro bilateral, o quinto, realizou-se em Hanói em setembro de 2014. Num comunicado conjunto, a Delegação da Santa Sé apreciara o apoio dado em todos os níveis pelas autoridades competentes no Vietnã para o desenvolvimento de sua missão, evidenciando, ademais, os passos dados nas políticas religiosas do Vietnã, contempladas na emenda Constitucional de 2013.
    A Delegação da Santa Sé confirmara atribuir grande importância ao desenvolvimento das relações com o Vietnã, em particular, e com a Ásia, em geral.
    O prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni, esteve em janeiro de 2015 em  visita pastoral ao Vietnã por ocasião dos 400 anos de evangelização do país do sudeste asiático, encontrando todas as realidades da Igreja local, que representa quase 10% da população.
    “Uma Igreja muito viva”, dissera. Na ocasião, o purpurado teve a oportunidade de encontrar também as autoridades vietnamitas. Numa entrevista concedida à Rádio Vaticano, o prefeito de Propaganda Fide dissera:
    “Reiterei que o diálogo é elemento fundamental para a compreensão recíproca, mas que subjacente ao diálogo deve haver estima. E a estima que a Santa Sé tem pelo povo do Vietnã se traduz também em amor. Por conseguinte, não é somente um aspecto puramente formal de estima, mas que desce no profundo e se torna afeto, amor. A Igreja tem um profundo afeto, um profundo amor pelo povo vietnamita, em particular por sua comunidade cristã. Creio ter colhido elementos positivos que reforçam aquele diálogo que já existe e que esperamos, naturalmente, possa progredir mais ainda.” (RL)