segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Crise ucraniana pode causar cisma na Igreja Ortodoxa

Crise ucraniana pode causar cisma na Igreja Ortodoxa

Patriarcado de Moscou ameaça romper com Constantinopla

14 SET2018
20h27
atualizado às 20h39
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A Igreja Ortodoxa Russa suspendeu nesta sexta-feira (14) as relações diplomáticas com o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e ameaça um cisma por causa da possibilidade de autocefalia - quando o líder de determinada denominação cristã não precisa se reportar a um superior - da Igreja Ortodoxa Ucraniana.
O patriarca de Moscou, Cirilo, presidiu uma sessão de emergência nesta sexta e afirmou que não considerará "legítima" uma eventual "independência" dos ortodoxos ucranianos, que desde 1686 se reportam à Igreja Russa.
Além disso, interrompeu as relações com o Patriarcado Ecumênico - considerado no mundo ortodoxo como uma espécie de "guia supremo", embora privado de autoridade real - e seu primaz, Bartolomeu. Cirilo também disse que o nome do patriarca não será mais citado nas liturgias na Rússia e que o Patriarcado de Moscou não participará das reuniões presididas por Bartolomeu.
"As decisões são como se fossem um sinal amarelo nas nossas relações", explicou o porta-voz de Cirilo, Alexander Volkov, acrescentando que as opções para o futuro são um "rompimento completo" ou a "retomada do diálogo". Moscou também pediu uma reunião do concílio ecumênico dos ortodoxos sobre a autocefalia da Igreja Ucraniana.
A crise
A turbulência no mundo ortodoxo começou após a decisão de Bartolomeu de enviar dois exarcos a Kiev para iniciar os trabalhos para a autocefalia, medida tomada de forma unilateral, sem convocar o concílio.
Em função disso, Moscou ameaça romper com Constantinopla, que tem sede em Istambul, na Turquia, o que tiraria de Bartolomeu o título de "primeiro entre os iguais". Desde sua independência, em 1991, a Ucrânia já ensaiou diversas vezes a criação de uma igreja ortodoxa local, mas a nova tentativa de unir a fé dos ucranianos chega em meio aos conflitos contra grupos separatistas pró-Moscou no leste do país, que se arrastam desde 2014.
O pedido de autocefalia foi enviado a Bartolomeu pelo presidente Petro Poroshenko, com aval do Parlamento e do Patriarcado de Kiev, que não é reconhecido por nenhuma igreja ortodoxa. O Patriarcado Ecumênico alega que a união entre Moscou e Kiev, adotada em 1686, tinha caráter temporário e que a Ucrânia sempre foi considerada um "território canônico".
A comunidade ortodoxa está dividida: a Polônia, por exemplo, apoia Cirilo, mas a Finlândia está ao lado de Bartolomeu, o que pode indicar um novo cisma no mundo cristão, justamente no momento em que o católico papa Francisco tenta reaproximar as fés irmãs.
Ansa - Brasil  
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