quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

No Amapá, representantes de religiões falam sobre o sentido do Natal

No Amapá, representantes de religiões falam sobre o sentido do Natal

Entrevistados falaram sobre o dia 25 de dezembro sob o olhar religioso das crenças do budismo, candomblé, judaísmo, protestantismo e catolicismo.

Por Rita Torrinha, G1 AP, Macapá
 
Evangélicos, budistas, católicos, candomblecistas e judeus contam como passam o dia 25 de dezembro (Foto: IEQ/Divulgação; Rita Torrinha/G1; Reprodução/Rede Bahia)Evangélicos, budistas, católicos, candomblecistas e judeus contam como passam o dia 25 de dezembro (Foto: IEQ/Divulgação; Rita Torrinha/G1; Reprodução/Rede Bahia)
Evangélicos, budistas, católicos, candomblecistas e judeus contam como passam o dia 25 de dezembro (Foto: IEQ/Divulgação; Rita Torrinha/G1; Reprodução/Rede Bahia)
O Natal é uma data comemorativa para os cristãos e simboliza o nascimento de Jesus Cristo. Porém, no feriado de 25 de dezembro nem todas as religiões celebram a data. Num universo marcado por miscigenação e por inúmeras filosofias, representantes de diferentes crenças disseram ao G1 o que a data representa.
Cada um tem peculiaridades e até calendários diferentes, mas, em todas elas, os líderes deixam claro o respeito à filosofia do cristianismo, pois, além de conviverem com cristãos em irmandade, defendem que somente o respeito e o amor podem mudar o mundo.

Budistas

Rosângela Freitas e Laércio Souza seguem os ensinamentos de Buda, no Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)Rosângela Freitas e Laércio Souza seguem os ensinamentos de Buda, no Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)
Rosângela Freitas e Laércio Souza seguem os ensinamentos de Buda, no Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)
Para o casal de seguidores da filosofia budista Laércio Souza e Rosângela Freitas, o Natal é algo espiritual. A data não tem significado para essa doutrina, mas eles respeitam todas as crenças.
“O budismo existe há 900 anos antes de Cristo, é uma religião muito antiga. Já o cristianismo e o Natal surgiram muito tempo depois. Não há ligação entre as religiões. Nossa tradição é a evolução humana”, explica Rosângela.
Com os 4 filhos, a família segue os ensinamentos de Buda e, mesmo sem realizar festas em casa, a família participa de confraternizações com familiares e amigos.
“Nossa prioridade é a harmonia familiar. Por isso sempre estamos envolvidos com quem está ao nosso redor. Vamos para a ceia, temos irmãos que são católicos e de outras religiões e todos se respeitam, mas no momento da reza, cada um tem seu espaço”, complementa Laércio.

Judeus

Samuel Benchaya, presidente do Comitê Israelita do Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)Samuel Benchaya, presidente do Comitê Israelita do Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)
Samuel Benchaya, presidente do Comitê Israelita do Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)
Os judeus não comemoram nem o Natal e nem o Ano Novo de acordo com o calendário cristão. Apesar de reconhecerem que Jesus existiu, não há uma relação de divindade com ele. Em Macapá, segundo Samuel Benchaya, presidente do Comitê Israelita do Amapá, existem pouco mais de 150 famílias judias.
Benchaya é descendente de avós judaicos, que vieram de Marrocos para o Brasil nos anos 50. Mas na casa dele, há mistura de crenças. A esposa é católica e as duas filhas são evangélicas. Ele explica como consegue conciliar tantas diferenças.
“Não há nenhum mistério. Cada um vai para a sua igreja e eu venho para a sinagoga. Sobre o Natal, para nós Jesus Cristo é um irmão, um homem que nasceu judeu, é um profeta, rabino, e um ídolo. Sem dúvida, a pessoa que deu ensejo à religião cristã, mas não é santo, nem divindade”, conta.
De acordo com o calendário hebraico, a humanidade está no ano 5.778. O calendário cristão, que teve início com o nascimento de Jesus Cristo, surgiu mais de 3 mil anos depois.

Candomblecistas

Reginaldo Santos, pai de santo do Candomblé, no Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)Reginaldo Santos, pai de santo do Candomblé, no Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)
Reginaldo Santos, pai de santo do Candomblé, no Amapá (Foto: Rita Torrinha/G1)
Há uma religião de matriz africana que também não comemora o Natal. Para o babalorixá (pai de santo), Reginaldo Santos, o Natal é confraternização, momento que o cristão deve praticar a paz, mas ele lembra que, para o Candomblé, Jesus Cristo foi apenas um mestre.
A data importante para essa religião é a passagem do Ano Novo, quando se comemoram as águas de Oxalá, que no sincretismo representa Jesus. Porém, os adeptos dizem que Oxalá já existia antes do filho de Deus e que essa comparação se deu em época de escravidão. Por isso, eles preferem celebrar a vida.
“O Natal foi incorporado pela igreja de Roma como uma data cristã, com o objetivo de fazer com que a festa pagã homenageasse o nascimento de Jesus. Já que eles não sabiam o dia e o mês exato do nascimento, utilizaram esta data. Nossa doutrina não celebra a data, mas somos livres para confraternizar com amigos e familiares”, coment

Evangélicos

Pastor Guaracy Júnior preside uma igreja protestante no Amapá (Foto: Divulgação/IEQ)Pastor Guaracy Júnior preside uma igreja protestante no Amapá (Foto: Divulgação/IEQ)
Pastor Guaracy Júnior preside uma igreja protestante no Amapá (Foto: Divulgação/IEQ)
A maioria das igrejas pentecostais comemora o Natal, mas fazem observações. Uma delas é que o dia 25 não foi a data de nascimento de Jesus, mas é uma data representativa para os cristãos.
“Nós comemoramos e relembramos o nascimento de Jesus, que é a razão de uma mudança mundial. Ele marcou o mundo. Ninguém foi como ele, ninguém fez o que ele fez. Até quem não aprova o cristianismo tem que reconhecer o que ele fez aqui. O maior sentido do Natal é o reconhecimento de que Jesus foi o maior presente de Deus para a terra”, ressaltou o pastor Guaracy Júnior, presidente da Igreja Evangélica Quadrangular no Amapá.
Os protestantes comemoram fazendo uma reflexão sobre a presença de Cristo no mundo, assim como os evangélicos membros da Igreja Assembleia de Deus. Estes fazem peças teatrais, ceia, mas não possuem presépios ou quaisquer outras imagens.

Católicos

bispo da Diocese de Macapá, dom Pedro José Conti (Foto: Rita Torrinha/G1)bispo da Diocese de Macapá, dom Pedro José Conti (Foto: Rita Torrinha/G1)
bispo da Diocese de Macapá, dom Pedro José Conti (Foto: Rita Torrinha/G1)
Os presépios já são representações que marcam a religião católica. Para o bispo da Diocese de Macapá, Dom Pedro José Conti, Natal não é tradição e, sim, fé, que anuncia que Deus criou a humanidade para a vida, e que para resgatar essa vida enviou Cristo, que é humano e santo.
“Os cristãos celebram o nascimento de Jesus que é o filho de Deus que se fez humano. Temos que mudar a ideia sobre Deus, de só o procurarmos quando estamos precisando. Devemos buscar no amor dele um sentido mais profundo para a vida”, falou Dom Pedro.
“Minha mensagem é para uma fraternidade e solidariedade que não acabe no Natal, mas que respeite a vida de todos, todas as diferenças e pensamentos, da natureza e tudo o que é vida no mundo. Assim a vida pode se tornar melhor, mais alegre e mais pacífica para todos nós”, finalizou.
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