segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Madre Teresa de Calcutá é proclamada santa pelo papa Francisco

Madre Teresa de Calcutá é proclamada santa pelo papa Francisco

Após canonização, Francisco oferece pizza para 1,5 mil sem-teto. Papa ainda destacou o trabalho "em defesa da vida humana" da santa
Reprodução/Twitter
Papa Francisco
O papa Francisco proclamou neste domingo (4), santa a Madre Teresa de Calcutá, em cerimônia para 120 mil pessoas na Praça de São Pedro, no Vaticano.
A cerimônia começou com o canto do hino do Jubileu da Misericórdia, e em seguida o papa Francisco entrou na Praça de São Pedro na habitual procissão com os concelebrantes.
Francisco utilizou, como é habitual, a formula em latim para proclamar a santidade da religiosa que morreu em Calcutá (Índia), em 1997, e pediu que fosse inscrita nos livros dos santos da Igreja.
Participaram, junto com Francisco, 70 cardeais, 400 bispos e 1,7 mil sacerdotes.
Relíquia
Uma relíquia da Madre Teresa de Calcutá foi colocada perto do altar da entrada da Praça de São Pedro, onde o papa Francisco celebrou sua canonização.
O relicário feito de madeira trazida de várias partes do mundo, tem forma de cruz contém um frasco com o sangue de Madre Teresa, que no ano de 1979 conquistou o prêmio Nobel da Paz, e foi levado ao altar por duas irmãs das Missionárias da Caridade, congregação fundada pela religiosa.
Incrustada na cruz onde está o frasco com forma de gota representa o "Tenho sede" que disse Jesus na Cruz e serviu de inspiração para Madre Teresa em "dar de beber" aos necessitados.
A relíquia de Madre Teresa de Calcutá pôde ser venerada desde sexta-feira nas igrejas de Roma.

Trabalho "em defesa da vida humana"
O papa Francisco elogiou o trabalho de Madre Teresa "em defesa da vida humana", garantindo que ela fez "sentir sua voz aos poderosos da terra para que reconhecessem suas culpas diante dos crimes da pobreza criado por eles mesmos".
O papa disse que Madre Teresa ao longo de sua vida esteve "à disposição de todos por meio da recepção e a defesa da vida humana".
Francisco elogiou a religiosa, sua luta contra o aborto e recordou que sempre dizia que "quem ainda não nasceu é o mais frágil".
E lembrou como "se inclinou sobre as pessoas fracas, que morrem abandonadas à beira das ruas, reconhecendo a dignidade que Deus lhe deu".
Mas também "fez sentir sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem suas culpas perante os crimes de pobreza criado por eles mesmos", manifestou.
Francisco quis que Madre Teresa fosse canonizada no Jubileu da Misericórdia que o instituiu e explicou hoje que para a religiosa, a misericórdia foi "o sal que deu sabor a cada uma de suas obras, e que a luz que iluminava as trevas dos que não tinham nem sequer lágrimas para chorar sua pobreza e sofrimento".
"Sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece até hoje como testemunho eloquente da proximidade de Deus aos mais pobres entre os pobres", afirmou.
Francisco explicou que a figura de Madre Teresa será a santa de "todos os voluntariados" e pediu que ela fosse considerada o "modelo de santidade".
O pontífice afirmou a chamará "com dificuldade de Santa Teresa" porque "Sua Santidade foi tão próxima a nós, tão suave e espontânea que vai continuar a ser chamada de mãe, Madre Teresa".
"Que esta incansável trabalhadora da misericórdia nos ajude a compreender cada vez mais que nosso único critério de ação é o amor livre, livre de toda ideologia e de todo vínculo e derramado sobre todos sem distinção de língua, cultura, raça ou religião", defendeu.
Lembrou que Madre Teresa de Calcutá amava dizer: "Talvez não falo seu idioma, mas posso sorrir"; e convidou a levar "no coração seu sorriso".
"Abriremos assim horizontes de alegria e esperança a toda essa humanidade desanimada e necessitada de compreensão e ternura", concluiu Francisco.

Agradecimento
O papa Francisco agradeceu aos fiéis, às delegações de países e às freiras Missionárias da Caridade pela presença na canonização da Madre Teresa de Calcutá.
Após o ato, e antes de rezar o Ângelus dominical, o pontífice agradeceu o comparecimento sobretudo das missionárias e missionários da Caridade, "a família espiritual da Madre Teresa" e desejou que "vigie sempre vosso caminho para serem fiéis a Deus, à Igreja e aos pobres".
Também cumprimentou as autoridades presentes, "especialmente as dos países mais unidos à figura da nova santa" e às delegações oficiais e vários peregrinos procedentes de diversos países.
Em sua mensagem, o líder religioso confiou a proteção de Santa Teresa de Calcutá aos voluntários da misericórdia, que durante este Jubileu se dedicam aos trabalhos de ajuda aos mais necessitados.
O pontífice lembrou de todos os que trabalham a serviço dos irmãos em regiões difíceis e perigosas, "especialmente as freiras que doam sua vida sem poupar esforços", e também pediu uma reza pela freira espanhola Isabel Solá, que foi assassinada na sexta-feira passada no Haiti.

Biografia
Madre Teresa nasceu em em 1910 em Skopje, outrora parte do Império Otomano e hoje capital da Macedônia, onde haverá celebrações durante uma semana. De pais albaneses, ela chamava-se Agnes Gonxhe Bojaxhiu.
Religiosa, ela tornou-se freira aos 16 anos, e recebeu mais tarde o nome de Teresa. Em 1929, mudou-se para Calcutá e, 15 anos depois, tornou-se diretora de um convento.
Em 1946 ela fundo a congregação Missionárias da Caridade, onde passou a ser chamada de "Madre". Em 1951, recebeu a cidadania indiana. Ela trabalhou ali por décadas. As missionárias abriram casas em países como a Venezuela, a Itália, os EUA e a então União Soviética.
Ela morreu em 1997 de um ataque cardíaco, em Calcutá.

Pizza
Um posto reservado na Praça de São Pedro para assistir a canonização da Madre Teresa de Calcutá e depois um almoço a base de pizza napolitana será o presente que o papa Francisco dará neste domingo para 1,5 mil sem-teto.
Em comunicado, o Arcebispo da Esmolaria Apostólica, Konrad Krajewski, explicou hoje que o papa oferecerá esta comida para 1,5 mil pessoas necessitadas, sobretudo aquelas que dormem nas hospedarias das freiras de Madre Teresa, e procedentes de Milão, Bolonha, Florença, Nápoles e Roma por ocasião do canonização da "santa dos mais pobres entre os pobres".
Estas pessoas viajaram durante a noite em vários ônibus para participar da missa de canonização, onde terão um lugar reservado na Praça de São Pedro.
Em seguida, eles vão para dentro do Vaticano, na praça adjacente a Sala Paulo VI, para almoçar pizza napolitana, que será feita em três fornos à lenha, como requer a tradição.
As pizzas serão feitas por 20 pessoas que trabalham em uma pizzaria napolitana e será servida por 250 freiras das Missionárias da Caridade e 50 irmãos da Caridade, ordens que fundadas por Madre Teresa, e outros voluntários.
Se trata de uma nova iniciativa do papa com as pessoas mais necessitadas e sem lar, já que recentemente Francisco, além de ter dado sacos de dormir, doações e outros bens de necessidade, lhes ofereceu um dia na praia, uma tarde no cinema e visitas a museus do Vaticano.
Além disso, Francisco quis instalar chuveiros, cabeleireiro e barbeiro e um ambulatório nos arredores de São Pedro para que possam ser utilizadas pelos sem-teto que vivem nesta área de Roma.

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